Por Fabio Matuoka Mizumoto

Muitas pessoas e famílias usam estes dois conceitos como iguais ou similares, o que causa muitos problemas. O consenso acontece quando todas as partes concordam com o que está sendo decidido enquanto o consentimento é algo individual, cada um, de fato, concorda com o que está sendo decidido.

Chegar ao consenso com consentimento dá trabalho, pode ser dispendioso e consome tempo. As pessoas podem divergir por vários motivos, entre eles, pelo fato de terem uma visão parcial do tema, não conhecerem o contexto e/ou ficarem muito focados em algum aspecto do que está sendo tratado.

Chegar ao consenso sem consentimento pode ser rápido, mas gera problemas. Quem não consentiu pode trabalhar nos bastidores para evitar que a decisão seja implantada, para tornar a execução dificultada ou até mesmo para inviabilizar os resultados. Esta agenda oculta tem sido, infelizmente, muito comum nas famílias empresárias. É o famoso “deixa assim mesmo porque depois damos um jeito de fazer valer a nossa vontade!”

O Itaú e o Unibanco, ao se fundirem em 2008, decidiram por dividir o controle em iguais partes para justamente promover o consenso com consentimento. Mesmo que uma empresa fosse maior que a outra, os controladores não gostariam de ter a figura do voto vencido que, mais adiante, poderia se comportar contrário a alguma decisão importante em retaliação a ter “perdido” na rodada anterior.

Mas como consentir e chegar ao consenso? As pessoas precisam se sentir ouvidas e terão formas distintas de se convencerem. Algumas querem processar dados para tirar a sua própria conclusão enquanto outras só irão se sensibilizar por meio de exemplos ou por pessoas do círculo de confiança. Reconhecer as diferentes formas de decidir e os diversos perfis de pessoas ajuda muito em promover o consentimento.

Em outra parte, é claro, se a não concordância é na essência do assunto, pode ser muito bem vinda algumas técnicas de negociação. Nesse sentido e sem ser exaustivo nas técnicas, vale decompor o problema, convidar as partes a proporem alternativas e a convergirem naquela que concilia os diferentes pontos de vista.

Espero que a distinção entre consenso e consentimento seja convidativa para as conversas que acontecem nas salas de reunião e nas salas de jantar. Ainda mais, espero que seja relevante para evitar problemas futuros e, desta forma, que ajude a preservar a harmonia nas relações em família e que promova melhores decisões no ambiente de trabalho.