Marcos Vinicius Silva e Rafael Vieira

“A produção de café e os desafios da logística da semente à xícara” será o tema abordado por Marcos Vinicius Silva e Rafael Vieira, dando início a uma sequência de 5 artigos, onde abordaremos os principais temas envolvendo a logística ao longo de todo o caminho do café, desde o plantio no campo até as cafeterias, padarias e o consumo doméstico de uma das bebidas mais consumidas no mundo.

Atualmente, a cafeicultura enfrenta grandes desafios ao longo da cadeia produtiva. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o cenário é de alta produção para o ano de 2023, crescendo 14,4% em relação à safra anterior, com projeção de crescimento para os próximos anos. A cada ano, cresce a quantidade de pés de café cultivados no Brasil, avançando em novas fronteiras agrícolas. Atualmente, o Brasil possui aproximadamente 355,5 mil hectares de cultivo de café em formação. Os produtores estão cada vez mais preocupados em agradar os consumidores, sempre buscando inovações na cadeia de produção, proporcionando assim experiências únicas.

Na gestão de uma fazenda, devem ser considerados vários aspectos, como custos de produção, eficiência operacional, logística, qualidade, manejo de variedades, precificação, visibilidade, rastreabilidade e nível tecnológico, destacando a logística como fator estratégico e central em todas as etapas do Supply Chain no caminho do café.

Assim, considerando o café e a logística como temas centrais nessa série de artigos, despertam alguns assuntos para tratarmos:

I- Desafios da logística e os desafios do caminho do café;

II- Logística desde os talhões até o consumo;

III- Os processos que permeiam a logística do caminho do café, gargalos, boas práticas de gestão na cadeia de suprimentos;

IV- Mercado de commodities de café, logística inbound e outbound;

V- Visão futura e tendências para a produção de cafés tradicionais e especiais.

Esses são temas atualmente de grande relevância para os produtores, onde buscaremos detalhar e explorar a logística do café durante esta série de artigos.

A frase do americano Paul Hawken, “Boa gestão é a arte de tornar os problemas tão interessantes e suas soluções tão construtivas que todos vão querer trabalhar e lidar com eles”, mostra que é necessário um diagnóstico e mapeamento dos desafios e gargalos dentro das organizações, seja ela uma indústria ao céu aberto, como chamamos as fazendas atualmente, até as multinacionais como um todo. Na produção de café, existem inúmeros processos até se chegar à xícara do consumidor, e em cada etapa dos processos podemos identificar melhorias, por meio de metodologias aplicadas, inteligência e ferramentas de gestão, que irão nos auxiliar nas tomadas de decisões, com a estruturação e controle de custos logísticos e redução de gastos indesejáveis sendo prioridades nas empresas, para que no final, por exemplo, seja implementada uma metodologia de gestão por processos e indicadores de performance, seja antes, dentro e depois da porteira, como já difundido na indústria e já bem avançadas nas agroindústrias.

Um dos temas que iremos abordar será o gerenciamento da rotina da logística em nosso terceiro artigo. Em todos os setores, nos deparamos com a palavra “logística”, que interliga e está presente em toda a cadeia produtiva, seja no agro ou não. Quando pensamos especificamente em cafeicultura, existem vários pontos importantes que envolvem a logística, como preparo do solo, compra de mudas e insumos agrícolas, manejo e tratos culturais em geral, colheita, transporte, processamento, beneficiamento, armazenagem, industrialização do grão até chegar no cafezinho diário na mesa do consumidor. Essas etapas, chamadas de macroprocessos, onde cada uma delas possui subdivisões em etapas, que abrem um leque de informações e microprocessos, possuem seus desafios e gargalos, e é nesse sentido que vamos explanar o conhecimento e soluções para que os gestores tomem as melhores decisões.

O diagnóstico da causa raiz dentro da logística é de suma importância para tratar os gargalos com ações corretivas, preventivas e preditivas. Por se tratar de um setor amplo, que permeia todos os setores de uma organização, uma simples tomada de decisão no que tange aos desafios, gargalos e organização dos processos, pode trazer, além de redução de custos, organização, aumento de produtividade, melhoria da rentabilidade e perpetuidade do negócio ao longo do tempo.

O produto acabado com qualidade é o objetivo final de toda a cadeia produtiva. Porém, não basta ter apenas uma marca e um produto de qualidade, os processos operacionais precisam ser muito bem estruturados, o que significa que é preciso dar grande atenção para a questão logística e rastreabilidade, com um controle rigoroso de produção, colheita e beneficiamento, que é uma das principais características de um café com qualidade superior, que entrega maior valor na comercialização.

Nessa linha, buscaremos levantar os temas críticos descritos no início deste artigo, levando informação e permitindo a reflexão da operação logística em momento de queda nos preços das principais commodities agrícolas, onde o café é uma das mais importantes no agronegócio brasileiro. Acompanhe nossos próximos artigos e bom trabalho!