Por Fabio Matuoka Mizumoto

Antes de “passar o bastão”, é importante preparar o gestor atual, o herdeiro e a empresa como um todo para o futuro.

Apesar das inúmeras recomendações sobre como preparar o sucessor na gestão dos negócios, pouco se fala sobre alguns dilemas que aparecem no processo. Será que filho de peixe, peixinho é?

Ressalto que todo planejamento da sucessão deve considerar o preparo do sucessor, do titular que vai “passar o bastão” e da própria empresa. Neste artigo vamos focar no primeiro, que costuma enfrentar os seguintes dilemas:

  • O que fazer quando o interesse da nova geração é outro? Lembre-se que sonhos diferentes podem ampliar oportunidades para a empresa. Para que isto seja verdadeiro, é preciso tratar abertamente sobre os reais interesses dos novos para prever caminhos alternativos ao trabalho dentro do negócio. Pode ser empreender em outros negócios ou empreender em alguma área relacionada à que será herdada.
  • E se outra pessoa for mais capacitada que um familiar? Esta situação pode ser o início da solução ou dos problemas em família. É solução se a nova geração não tem interesse na continuidade e se os familiares confiam no gestor de mercado. É problema se existe a expectativa na família para se assumir um cargo ou posição, ou se os familiares priorizam o atendimento de suas necessidades pessoais acima dos resultados do negócio.
  • Como lidar com talentos da família que são competentes mas ainda não estão profissionalmente maduros? É comum ver pessoas mais novas com currículos e credenciais que superam os dos gestores atuais. Em vez de cair numa disputa “Fla-Flu” da tradição versus inovação, o negócio pode tirar proveito de ambos para se reinventar.

Sabemos que a boa conversa é fundamental para planejar as etapas seguintes e funciona como um guia para investir na continuidade ou na venda do negócio. Serve também para direcionar o preparo dos familiares e de outros candidatos à sucessão. O diálogo também permite criar entendimentos sobre as competências e a maturidade necessárias para a empresa, além de alinhar as expectativas de todos os envolvidos.

A família Moreira Salles, fundadora do Unibanco, abriu as possibilidades para os herdeiros se envolverem como sucessores na gestão do banco. Isso aconteceu, por exemplo, com Pedro Moreira Salles, que presidiu o Unibanco e se tornou conselheiro do Itaú-Unibanco após a fusão entre as instituições financeiras. Por outro lado, também permitiu que outros buscassem seus próprios sonhos, como aconteceu com Walter Salles Jr., que virou cineasta.

O exemplo do Unibanco ajuda na ilustração de como superar alguns dos dilemas que estão presentes em empresas de qualquer tamanho. O filho de um empresário de pequeno porte pode ter tido a vivência e experiência necessária para acelerar um novo empreendimento ou mesmo para reposicionar o negócio da família. Na prática, sugerimos que você tenha boas respostas para estes 3 dilemas.